A convite do Brasil, dez países sul-americanos discutiram hoje uma melhor cooperação na luta contra o crime transnacional, através de ações conjuntas para reforçar as operações de inteligência –
LUSA – MUNDO –
“Esta colaboração alargada poderá ser um novo instrumento, que fará uso da utilização partilhada da inteligência gerada pelos dados de satélite”, o que permitirá “mapear” as ações das organizações ilegais e “conter o crime e a violência”, disse o ministro da Justiça do Brasil, Anderson Torres.
A reunião contou com a presença de autoridades de segurança da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname e Uruguai, sendo a Venezuela a única ausente, segundo o Ministério da Justiça brasileiro, o promotor da reunião, que se realizou à porta fechada.
A ideia é reunir representantes de agências de segurança dos países da região no Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI), que opera no Rio de Janeiro e foi criado em 2014 para coordenar a segurança para o Campeonato do Mundo desse ano, realizado no Brasil, e para os Jogos Olímpicos Rio 2016.
O “plano de trabalho” dos agentes que irão operar conjuntamente no Rio de Janeiro será apresentado aos outros países no prazo de um mês pela Polícia Federal Brasileira, segundo o ministro Torres.
A iniciativa vem juntar-se a outras iniciativas semelhantes promovidas na região nas últimas décadas, que criaram um quadro burocrático que até agora se tem revelado ineficaz face a um crime transnacional cada vez mais forte e que movimenta milhares de milhões de dólares por ano.
Estas organizações ilegais diversificaram as suas atividades para incluir o tráfico de drogas, pessoas, minerais, madeira, fauna e vida selvagem, entre muitas outras áreas, o que também envolve uma espécie de “cooperação violenta” entre as máfias.
Neste contexto, que inclui milhares de vítimas anónimas, os assassinatos, há apenas quinze dias, do ativista indígena brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips na Amazónia, nas fronteiras entre o Brasil, Peru e Colômbia, atribuídos a máfias da pesca ilegal, podem também ser colocados neste contexto.