Professora da Unic explica que exame periódico aumenta as chances de cura da doença entre as mulheres –
O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de tumor maligno mais incidente entre as mulheres, excluindo os cânceres de pele não melanoma, e a quarta causa de morte por câncer na população feminina brasileira, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Os dados evidenciam que este é o segundo tipo mais frequente na região Centro-Oeste, com uma taxa de 12,35 casos para cada 100 mil mulheres. Em Mato Grosso, os números apontaram 200 eventos em 2021, totalizando uma taxa de 12,43 casos por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas do câncer de mama.
A professora do curso de medicina da Universidade de Cuiabá (Unic) e ginecologista, Renata Massoni, explica que o câncer do colo do útero é silencioso, mas pode ser identificado de forma precoce a partir do exame preventivo (Papanicolau). “É uma doença causada pela infecção persistente de alguns tipos do Papilomavírus Humano, o HPV, chamados de tipos oncogênicos”, afirma.
Segundo a médica, o acompanhamento periódico é importante, pois a infecção genital transitória por este vírus é muito frequente e pode não causar doença; caso a resposta imunológica seja insuficiente, a infecção viral pode persistir, causando alterações celulares, com risco de evolução para o câncer. “Com o exame podemos saber se existe risco de evolução desfavorável e também detectamos os casos iniciais da doença. A partir do momento em que é identificada a alteração, é possível tratar, sendo a maior parte dos casos, curáveis”, diz a especialista.
Prevenção ao HPV
Renata diz que a atenção ao HPV deve ter início ainda no final da infância de meninos e meninas. “Como HPV é um vírus sexualmente transmissível, muitos pais acham que irão incentivar o início precoce da vida sexual ao levarem suas filhas para receber a vacina, mas este é um pensamento errado, pois, o conhecimento e as informações de boa qualidade sobre como se proteger só ajudam”, comenta.
A infecção pode ser prevenida com a vacina gratuita oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas 9 a 13 anos e meninos de 11 a 14. “Os meninos foram incluídos no plano de imunização em 2017, porque acabam se tornando vetores da infeção, ou seja, se não estão vacinados, eles irão transmitir a doença para suas futuras parceiras. A aplicação da vacina é feita durante a puberdade, pois nesta faixa etária a resposta imunológica é excelente e existe menor probabilidade de o adolescente já ter sido exposto ao vírus, fazendo com que a eficácia da vacina seja maior”, diz.
A professora da Unic comenta que atualmente as adolescentes apresentam maior abertura no diálogo com as mães quando se trata de métodos contraceptivos, mas conversam pouco a respeito de como evitar as infecções sexualmente transmissíveis. “Em consultas, é possível perceber que as meninas têm tido mais liberdade para procurar medicamentos contraceptivos logo que iniciam a vida sexual. Procuro sempre frisar que tais medicações previnem a gravidez, mas que o uso de preservativos é essencial para evitar doenças”, finaliza.