O tear tem o papel principal de ensinar as novas gerações o ofício de rendeira, já que a profissão é reconhecida no Município e no Estado, e agora aguarda o reconhecimento como patrimônio cultural brasileiro
05/02/2020 142
Cultura, tradição e história se encontram e se completam dentro da Casa de Artes de Várzea Grande. O espaço, em pleno Centro comercial da cidade, abriga, promove e perpetua o que há de mais precioso para a população local: sua identidade cultural expressada por meio das manifestações culturais. Mais que fomentar o artesanato, com as mundialmente conhecidas redes tecidas fio a fio no tear, a Casa, tem tido papel fundamental para que as redes artesanais da comunidade Rural de Limpo Grande tenham reconhecimento nacional como patrimônio cultural brasileiro e reconhecendo o artesanato local como um bem imaterial nacional.
Na manhã (5), em visita à Casa de Artes, a prefeita de Várzea Grande, Lucimar Sacre de Campos, destacou que espera com muita expectativa pelo fim do processo de avaliação para o reconhecimento das redes de Limpo Grande como um patrimônio cultural brasileiro junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Esse processo teve início em 2018 e sabemos da importância dele para nossa cultura e para difusão dessa tradição regional. O fomento da rede de tear tem um peso histórico e essa patente para nossa cidade é um reconhecimento de Várzea Grande para o mundo de forma definitiva que abre caminhos e reforça atesta que nossa produção segue a tradição e seus costumes”.
Ainda como destacou a prefeita, o Município e Estado já têm esse reconhecimento e a partir da validação do Ministério, teremos mais condições de fomentar a salvaguarda e a preservação do nosso patrimônio em parceria com a sociedade. “O patrimônio imaterial, como é o caso do nosso artesanato e é transmitido de geração em geração. Sem políticas adequadas, fomento, promoção e estímulo, a tradição pode se perder. A Casa de Artes nasceu e está aqui para ser o ponto de encontro e de disseminação da cultura várzea-grandense”, completou.
O tear, por exemplo, é o único de toda a região metropolitana, que pode ser visto ao vivo em plena atividade. É sempre requerido para ser mostrado em plena atividade em reportagens, documentários e filmagens. Dentro da proposta da Casa de Artes, além de ser responsável pela produção de diversas peças de tapeçaria como redes, capas de almofadas, jogos americanos, caminhos de mesas e echarpes, o tear tem o papel principal de ensinar as novas gerações o ofício de redeira, já que a profissão é reconhecida no Município e no Estado.
A Casa de Artes oferece o curso de tear de forma gratuita. Por ser complexo e necessitar de uma instrução mais personalizada, são apenas quatro vagas por turma para cada um dos três aparelhos. Como explica a superintendente municipal de Cultura, Maria Alice de Barros Silva, o curso tem duração de quatro meses e é ofertado sem custo á comunidade porque o maior intuito é preservar a cultura local e formar novas redeiras/tecelãs.
Maria Alice conta que o artesanato tem sido inspiração para a alta costura mundial. Peças da tapeçaria várzea-grandense acabaram de compor toda uma coleção de uma grande grife paulista de acessórios em couro, que empregou peças do tear em suas bolsas.
O assessor técnico da Casa de Artes, Wanderson Magalhães, conta também que a partir do momento que peças como essas chegaram ao mercado despertaram à atenção de estilistas e designers, a Casa de Artes se preocupa cada vez mais em formar novas redeiras e artesãs em tear “movimento que passa a abrir um leque de oportunidades para nossos artesãos. A tapeçaria nas bolsas pode inspirar novas ideias, coleções e demandar opções de matérias-primas que podemos fornecer, até mesmo, aprimorar o que já fazemos, agregando valor ao nosso produto, consequentemente, melhorando a renda dos nossos artistas”.
Como disse a prefeita, “as bolsas são um exemplo de um bem cultura local {a tapeçaria de tear} que ganhou projeção nacional dentro da alta costura nacional e até mesmo internacional. O que mostra a nossa riqueza cultural”.
A Casa de Artes possuiu atualmente 158 artistas cadastrados que fornecem constantemente ou já forneceram seus produtos para exposição e comercialização no espaço. Toda a renda com a venda dos objetos é 100% revertida ao artista. A Casa é mantida pelo Município e com a venda de artigos que são produzidos por artesãos contratados pela Casa. “Os cadastrados recebem uma espécie de consultoria quanto ao valor final do produto, apresentação dele em embalagens, acabamento, fazemos a comercialização e ao final, entregamos 100% do valor do que foi vendido”, explica Maria Alice.
Em relação aos cursos que são ministrados na Casa de Artes e tem mensalidade (violão, corte e costura, pintura em tela, bordado, tricô e crochê, pintura em tecido, manicure, pedicure, alongamento de unhas e ballet – R$ 70) todo valor também é repassado de forma integral aos instrutores. “Como disse, nosso objetivo é fomentar a arte e a cultura em todas as suas manifestações”, pontuou Maria Alice.
Além de participar de eventos itinerantes e exposições, o espaço ampliou a presença física de forma fixa em mais dois pontos: um no Paço Municipal, no Espaço das Artes, e outro no Várzea Grande Shopping. Todos os artigos expostos estão à venda. Além de artigos de tapeçaria, há móveis esculpidos em madeira, moldados em barro e cerâmica, jogos de cama, mesa e banho, artigos para presentes e petiscos da culinária local, como banana da terra frita, e doces em compota.
A Casa de Artes é ponto de referência para turistas brasileiros, oriundos de outros estados, bem como de estrangeiros, vindos dos Estados Unidos, Canadá e América Latina. Em geral, a maior parte se encanta com as peças de tapeçaria, que são justamente as de maior valor agregado.
A Casa de Artes está localizada na Avenida Couto Magalhães, ao lado da praça Aquidaban. Funciona das 8h às 17h30. Recebe grupos de turistas e de estudantes. Quem quiser assistir os artesãos no tear é bom ligar para confirmar o horário em que cada um está disponível no espaço. Contato pelo 3682-6640.
Por: Marianna Peres – Secom/VG