Em meio à rotina que nos cerca, normalizamos certas situações que estão presentes em nossas comunidades e escancaram os tempos difíceis que muitas pessoas estão passando nesse momento. Para ser claro, criança passando fome não é normal. Pessoa em situação de rua não é normal. Analfabetismo crescendo não é normal. Trabalho infantil não é normal. Falta de saneamento, coleta de lixo e condições básicas de vida não é normal. O Dia Nacional de Combate à Pobreza, 14 de dezembro, nunca foi tão importante e necessário para promover a visibilidade dos dramas sociais que estão na nossa cara, mas, muitas vezes, são desapercebidos pelo coletivo.
Dezenove anos marcam a trajetória da criação da lei aos dias de hoje e de lá para cá muita coisa mudou positiva e negativamente, com índices que formam uma parábola negativa num gráfico simples e que assustam quando relacionados a vidas humanas. Se buscarmos a origem da nossa constituição de 88, veremos que justiça social é prerrogativa basilar da Carta Magna, a qual representa o dever do estado em prover condições mínimas de vida aos seus cidadãos. Ora, um país tão rico como o nosso não deixa margem para qualquer tipo de justificativa que leve uma criança a estar sentada à beira de uma avenida. Estas palavras parecem duras e pouco agradáveis de serem lidas, mas são necessárias e sou firme ao levantar o tom e dizer: a pobreza é o problema mais urgente que temos que resolver e está em nossas mãos, nas minhas e nas suas, mudar a direção das nossas prioridades.
Se os recursos são escassos, há de se fazer uma escolha e que seja a que prioriza a vida. Na gestão pública se planeja com diferentes mecanismos os investimentos a longo, médio e curto prazo, sempre buscando um equilíbrio do que deve ser plantado para daqui a dez ou vinte anos e o que tem que ser feito agora, para ontem. O estado existe para servir ao povo, então lanço a pergunta, quem está em situação de pobreza extrema tem condições de levar uma vida organizada com metas e objetivos pessoais que elevem sua qualidade de vida? Não, meus amigos, a desigualdade e a pobreza são elos que acorrentam 63 milhões de brasileiros e que devemos quebrar de uma vez por todas.
No estudo “Mapa da Nova Pobreza”, desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas em 2021, foi constatado que quase 30% da população tem renda per capita inferior à 500 reais mensais. Cerca de 7 milhões de pessoas saíram do status de pobreza extrema, isso é, pessoas que vivem com menos de 11 reais por dia, graças ao Auxílio Emergencial, contudo, ainda há mais de 4 milhões nessa faixa de miséria. Os números deixam claro que o trabalho a ser feito é monumental e deve contar com o esforço de todo brasileiro.
Lido com as pautas sociais há mais de uma década, gosto muito de ser um agente de mudança para os que mais precisam, mas uma andorinha sozinha não faz verão, a imediata resposta em âmbito federal, estadual e municipal é nosso alvo, juntos somo mais fortes e podemos mais.
Deputado Max Russi