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44% dos bebês do Centro-Oeste são alimentados apenas com leite materno até os 6 meses de idade

Incentivo à amamentação durante o Agosto Dourado promove saúde pública e tem o intuito de quebrar tabus quanto à qualidade do alimento

Agosto é o mês em que se reforça a importância do aleitamento materno e estudos indicam que as mães do Centro-Oeste estão amamentando mais. Segundo pesquisa feita em 2020 pelo Estudo Nacional de Alimentação de Nutrição Infantil (Enani), a região está em segundo lugar entre as que possuem os maiores índices de aleitamento exclusivo de crianças de até 6 meses. A prevalência é de 44,1%. A nível nacional, o dado sofreu aumento de 42,8 pontos percentuais entre 1986 e 2020, passando de 2,9% para 45,7%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estipulou uma meta para que até 2025, o índice brasileiro alcance 50%.

A professora do curso de medicina da Universidade de Cuiabá (Unic) e especialista em pediatria, Gisele do Couto Oliveira, explica que a OMS recomenda que as crianças sejam alimentadas exclusivamente com leite materno até os seis meses de idade. Os dados do Enani apontam ainda que no Centro-Oeste, a amamentação permanece por pelo menos até os 4 meses de vida de 60,8% dos bebês. “Mesmo depois da introdução aos alimentos sólidos, a amamentação pode se manter presente até os dois anos de idade, sem problema algum”, comenta. A prevalência de aleitamento materno continuado aos 12 meses (crianças de 12 a 15 meses) é de 55,3% na região.

A especialista observa a queda no índice de permanência da amamentação quando o bebê passa de 4 para 6 meses e relaciona à licença maternidade. “De 60% das crianças amamentadas exclusivamente até os 4 meses, que é o mesmo período da licença, caímos para 44% quando observamos até os seis meses, período em que muitas mães já retornaram às atividades laborais”, diz. Segundo ela, a extensão do período de licença para até seis meses, aderido por algumas empresas, assim como a criação de salas para amamentação em locais de trabalho, contribuem para melhoria desses índices. “É uma atitude de promoção da saúde em que a responsabilidade não é apenas da mãe, mas de toda a sociedade”, comenta.

A professora de medicina da Unic fala que ainda é preciso promover acesso a informações quanto à amamentação para que seus benefícios sejam propagados entre a sociedade. “Para a mãe, a amamentação significa redução das chances de câncer de mama e de ovário, entre várias outras doenças. Para os filhos, há a redução da mortalidade infantil em até 13%, proteção a muitas doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias, além de evitar o risco de desenvolver hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade na vida adulta”, diz.

Segundo a especialista a falta de informação faz com que pessoas do convívio interfiram no processo e, muitas vezes, mulheres que possuem plenas condições fisiológicas de executar a amamentação a longo prazo, interrompem precocemente. “Sempre nos deparamos com as famosas dicas de parentes ou até com pessoas alegando que o leite materno é fraco, que não sustenta etc. É importante propagar o conhecimento de que ele é extremamente forte, nutritivo e deve ser o único alimento até os seis meses de idade”, finaliza.

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