Lusa –
O Governo dos EUA realizou a primeira transferência de um dos prisioneiros da base militar norte-americana de Guantánamo, um marroquino que foi repatriado, anunciou hoje (19/07), o Pentágono.
“O Departamento de Defesa anunciou hoje a transferência de Abdellatif Nacer do centro de detenção de Guantánamo para o Reino de Marrocos”, disse o Pentágono num comunicado, acrescentando que 39 pessoas ainda estão detidas em Guantánamo.
A libertação de Abdellatif Nacer, que nunca foi acusado, tinha sido recomendada pelo Governo do ex-Presidente Barack Obama em 2016, “sujeita a garantias de segurança e de tratamento humano”, segundo o Pentágono, mas o marroquino ainda permaneceu preso durante a presidência do seu sucessor, Donald Trump.
Barack Obama ordenou o encerramento de Guantánamo em janeiro de 2009, logo no início do seu primeiro mandato, com o objetivo de que os presos fossem julgados por tribunais civis, mas a decisão acabou chumbada no Congresso.
Perante esse cenário, Obama preferiu soltar discretamente centenas de detidos cuja libertação tinha sido aprovada pelo Conselho de Revisão da Presidência, mas essas libertações foram interrompidas por Donald Trump.
Em abril, a Casa Branca disse que o ex-vice-Presidente de Barack Obama, Joe Biden, que chegou este ano à presidência, “continua comprometido” com o encerramento de Guantánamo.
Biden “está empenhado em seguir um processo cuidadoso para reduzir responsavelmente o número de detidos em Guantánamo, preservando a segurança dos Estados Unidos e dos seus aliados”, disse também hoje o Departamento de Estado.
A prisão de Guantánamo foi inaugurada em 2002, em território norte-americano em Cuba, para deter integrantes do movimento terrorista Al-Qaeda, bem como outros alegados cúmplices dos autores dos atentados de 11 de setembro de 2001.
A prisão tornou-se um embaraço para Washington, sendo apontada como um local de detenções ilegais e violações de direitos humanos, tendo chegado a conter cerca de 800 “prisioneiros de guerra”, alguns deles torturados em locais secretos da CIA, antes de serem transferidos para Guantánamo, e apenas 10 deles foram acusados formalmente.