Comparando com países como Reino Unido, Estados Unidos e Brasil, onde as taxas de infeção são mais baixas, o estudo faz uma estrapolação dos números e avança com uma estimativa aproximada de quatro milhões de óbitos –
RTP –
© Ritesh Shukla – Reuters –
Investigadores do Centro para o Desenvolvimento Global, com sede nos Estados Unidos, aplicaram estimativas internacionais sobre a probabilidade de morte após contrair a doença causada pelo SARS-CoV-2 – em 177 mil domicílios indianos.
Para além dos quase 900 mil indivíduos estudados em termos económicos, também a análise dos exames de sangue revelou a prevalência do vírus na Índia. Este somatório de dados permitiu compreender o padrão das taxas de infeção, contribuindo para clarificar o quadro indiano.
Um dos cálculos deste estudo assentou nas estatísticas oficiais, segundo as quais a taxa de mortalidade per capita da Índia é de 0,3. Comparando com países como Reino Unido, Estados Unidos e Brasil, onde as taxas de infeção são mais baixas, o estudo faz uma estrapolação dos números e avança com uma estimativa aproximada de quatro milhões de óbitos.
“A Índia não foi uma exceção” e teve “mortalidade não muito diferente de países de tamanho e infecções comparáveis” declara Arvind Subramanian, um dos autores do estudo, citado pela BBC.
E acrescenta que a “conclusão mais crítica, independentemente das fontes e estimativas”, foi a de que as mortes reais durante a pandemia da Covid-19 eram “provavelmente muito maiores do que a contagem oficial”.
“As verdadeiras mortes são provavelmente de vários milhões, não centenas de milhares, tornando esta indiscutivelmente a pior tragédia humana da Índia desde a independência.”
O excesso resulta da comparação do número de mortes dos anos anteriores com os dados atuais – encontrando-se a diferença do excesso (ou diminuição) de óbitos.
A Índia é um dos países classificados como potências económicas regionais que não fornecem dados sobre estimativas do excesso de mortes desde 2019.Governo e administrações locais foram acusados de substimar de propósito os números de mortes e o registo não terá sido associado à Covid-19. As milhares de imagens das cremações durante a segunda onda galvanizou a sociedade indiana.
Para Arvind Subramanian, foram “os esforços heróicos de jornalistas indianos e da sociedade civil, que registaram incansável e furiosamente as mortes”, a forçar o Executivo a divulgar dados.
“Saber o verdadeiro número de mortos da pandemia é importante por muitos motivos”, disse Subramanian, citado no diário britânico The Guardian. “Como podemos ter uma compreensão básica do impacto da Covid sem saber quantas pessoas morreram e onde morreram? Dados precisos são a única forma de preparar uma resposta completa à pandemia no futuro”, remata.