Lusa –
© O secretário-geral da ONU, António Guterres – Getty Imagens –
O secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou hoje os membros do G20, reunidos em Veneza, Itália, a “serem solidários” com os países em desenvolvimento, que enfrentam a crise económica causada pela pandemia do coronavírus SARS-CoV-2.
Numa mensagem endereçada aos representantes do G20, Guterres declarou-se “encorajado pela ação rápida do Fundo Monetário Internacional (FMI) e seus membros para permitir um novo levantamento de 650 mil milhões de dólares de direitos de saque especiais”.
“A solidariedade exige que os países ricos encaminhem a sua parte não-utilizada desses fundos para os países em desenvolvimento, incluindo os países com rendimento médio vulneráveis e as pequenas ilhas em desenvolvimento”, especificou.
“Muitos países desenvolvidos parecem estar a sair da pandemia, mas os países em desenvolvimento lutam por sobreviver e mais ainda em sair dela. Enquanto 70% da população está vacinada em alguns países desenvolvidos, o número é de menos de 1% nos países com baixo rendimento”, assinalou.
Segundo o responsável máximo da ONU, “nas economias desenvolvidas, os pacotes tributários atingiram quase 28% do PIB (Produto Interno Bruto); nos países com rendimentos médios, esse número cai para 6,5%, e nos países menos desenvolvidos, para 1,8%”.
“Espero que o G20 estenda a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida e o quadro comum para o tratamento da dívida aos países com rendimentos médios e às pequenas ilhas-Estado em desenvolvimento, como base para uma arquitetura da dívida internacional reformulada e mais equitativa”, sustentou.
“Os países desenvolvidos devem dar provas de uma solidariedade que vá além das meras palavras, através de ações concretas”, defendeu, acrescentando que “os próximos seis meses serão fundamentais”.
“Exorto-vos a trabalhar em conjunto para construir um forte relançamento pós-pandemia, reforçar a economia global e impedir a mudança catastrófica do clima”, concluiu António Guterres.
Criado em 1999, após as sucessivas crises financeiras da década de 1990, o G20 é um grupo composto pelos ministros das Finanças e dirigentes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, que visa analisar e promover a discussão entre os países mais ricos e os emergentes sobre questões políticas relacionadas com a promoção da estabilidade financeira internacional.
Dele fazem parte África do Sul, Argentina, Brasil, Canadá, Estados Unidos, México, China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Arábia Saudita, Turquia, Alemanha, França, Itália, Rússia, Reino Unido e Austrália.